Modenidade liquida ou sólida?
Essa pergunta, o sociólogo Zygmunt Bauman tenta resumir nesse texto abaixo, já sintetizado, publicado no site Obvius
Bauman nasceu na Polônia em 1925 e foi professor na Universidade de
Varsóvia. Antes disso, havia fugido do nazismo na Segunda Guerra
Mundial, quando se mudou para a URSS. Quando voltou para seu país de
origem, o autor foi perseguido pelo antissemitismo local, teve artigos
censurados, foi expulso de seu cargo e encontrou um novo lar na
Universidade de Leeds, na Inglaterra, onde comandou o departamento de
sociologia da instituição.
A importância de Bauman está na interpretação da fluidez dos tempos
pós-modernos. Bauman é duro neste aspecto, se declara um sociólogo
crítico e recusa o rótulo de “pós-modernista”. Para ele,
“pós-modernista” é aquele que reproduz a ideologia do pós-modernismo,
que se recusa a qualquer tipo de debate, que relativiza a vida ao máximo
e que, dentro dessa superrelativização, não consegue estabelecer
críticas e nem formar regras para guiar a sociedade. Pós-modernista é
aquele que foi construído dentro de uma condição pós-moderna, ele a
reproduz e é constituído por ela. É seu arauto, seu representante
inconsciente e é este posto que Bauman rejeita e nega fielmente.
© Zygmunt Bauman, (Wikicommons).
A posição do autor é crítica às relações sociais atuais. Se trata de
começar com uma categorização nova: modernidade líquida e modernidade
sólida. Uma que representa o novo mundo, a pós-modernidade, e o outro
que define a modernidade, a sociedade industrial, a sociedade da
guerra-fria. Não é difícil de conseguir perceber a relação direta entre a
“solidez” das relações da guerra-fria, com dois núcleos de produção dos
julgamentos corretos (o capitalista, representado pelos EUA e o
comunista, representado pela URSS), com duas opção distintas e
antagônicas para serem “escolhidas”, ao contrário do pós-guerra fria,
após a queda do Muro de Berlim e com a dissolução de qualquer centro de
emissão moral, com a primazia do consumo em detrimento de qualquer ética
da parcimônia e etc e etc.
A sociedade líquida é a sociedade das relações fluidas, das relações
frágeis, é a sociedade em que a fixidez de uma amizade em que ambas as
partes matariam e morreriam pela outra já não existe mais. Não se trata
mais de uma sociedade em que os indivíduos sabem o seu destino desde o
nascimento, agora estamos imersos em um espaço social onde
~teoricamente~ escolhemos nosso futuro, optamos pelo nosso destino,
somos responsáveis pelo nosso fracasso. Não é mais necessário ser
asiático para ser um legítimo budista, basta comprar os livros certos e
assistir às aulas certas. Ninguém é, e sim está.