terça-feira, 19 de agosto de 2014

Falsear a verdade e propagar o pessimismo para derrotar o adversário



Por Marilza de Melo Foucher - de Paris

A situação econômica no Brasil logicamente não é das mais brilhantes neste ano eleitoral, todavia, analisar somente a utilização de um único dado econômico, por exemplo, a baixa da taxa de crescimento do PIB, não reflete a realidade global de um país. O PIB é um indicador econômico controverso, ele mede a renda, mas não a sua distribuição, o crescimento, mas não a sua destruição, e não leva em conta fatores como a coesão social e o meio ambiente.

Um país pode crescer economicamente e manter o nível de desigualdade na distribuição de riquezas e de acesso ao bem comum. O desenvolvimento de um país deve conciliar a inclusão social com a estabilidade econômica e a proteção ambiental. Devemos ver a economia como uma visão macroeconômica para o desenvolvimento inclusivo. Uma economia deve estar em harmonia com a sociedade e o mundo em que vivemos.

Uma política econômica deve impulsionar o crescimento de forma sustentável, mais ecológica, capaz de criar postos de trabalho, de reduzir a pobreza e repartir melhor suas riquezas. Nesse sentido, o Brasil prosperou com relação a muitos países pois, apesar de um contexto mundial difícil, o Brasil continuou criando empregos e tendo uma melhor inclusão social. Em todo o período Lula-Dilma, até maio de 2014, o Brasil gerou 20,4 milhões de novos empregos. Um dado ilustrativo é que de 2003 até hoje, a renda do trabalhador cresceu 70% acima da inflação.

O Bolsa Família tão criticado por articulistas econômicos e pela oposição, é um programa citado como exemplo de política pública que tem combatido a pobreza com efetividade. “Constitui um piso de proteção social”, como afirmou Jorge Chedieki, chefe do escritório do Programa das Nações Unidas para Nações em Desenvolvimento (PNUD), em Brasília. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014 do PNUD, que traz os dados do IDH de 2013, o Brasil figura de novo no grupo dos países com desenvolvimento humano ‘alto’, a segunda entre quatro categorias definidas no Programa.

Logicamente, ainda faltam serviços públicos de melhor qualidade e as desigualdades regionais e sociais ainda persistem. Só não se pode negar é que esforços não tenham sido feito nesse sentido. Para isto basta analisar a evolução dos programas sociais implantados nessa ultima década. O aumento do orçamento destinado a educação em 2002 era 18 bilhões de R$ e hoje o orçamento chega a 112 bilhões R$.

Se levarmos em conta também a crise financeira sem precedente desde 2008, o Brasil tem resistido melhor, por exemplo, que muitos países europeus, que optaram pela receita da austeridade. Os governos de Lula e Dilma optaram por outro caminho. Enquanto a crise econômica internacional fez a política social em diversos países regredir, como se constata na União Européia, o Brasil preservou sua capacidade de investimento, e manteve a salvo os empregos de milhões de brasileiros. O governo brasileiro conseguiu assegurar as melhorias para as camadas mais pobres da população e, ao mesmo tempo, preservou a estabilidade macroeconômica. O aumento no nível de investimento, do gasto público e a ampliação do crédito em plena crise foram determinantes no enfrentamento da crise mundial.

A política adotada na Europa pelos governos atualmente mais conservadores foi de tomar medidas drásticas para diminuir as despesas públicas reduzindo os custos sociais, desregulando o mundo do trabalho, limitando os direitos dos trabalhadores. Além de medidas fiscais regressivas, que só beneficiam o grande capital. Essas medidas levaram as nações européias a bater recorde de números do desemprego jovem.
Hoje, a Europa tem uma juventude candidata a uma pobreza de longo prazo. O poder aquisitivo dos europeus não para de diminuir. No mais, a política de austeridade não teve o resultado almejado e provocou um débil crescimento econômico. Atualmente, esta política coloca em perigo o modelo social europeu que muitos países do mundo invejavam. Anteriormente os governos europeus conseguiam conciliar o desenvolvimento econômico com a questão social. Agora, na União Europeia, morosidade e pessimismo são a regra.

Muitos países estão em recessão, como a Holanda, Portugal, Estônia, Portugal, Chipre, Finlândia, Grécia. A França, provavelmente, com crescimento negativo, entrará também no rol dos países em recessão. A taxa de desemprego na zona euro é de 12% em 2014 e aponta para 11,7% em 2015. A zona do euro atravessa uma fase de baixo crescimento da produtividade, o impacto do desemprego de longa duração e um futuro não assegurado para os jovens. Hoje, o mercado de trabalho é inadequado para absorver a massa de desempregados.

As cicatrizes sociais da crise estão longe de serem apagadas. Mesmo que a Alemanha seja apresentada com certo dinamismo econômico a taxa de desemprego é de quase 7%. O emérito Professor Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia e ex-economista-chefe do Banco Mundial, disse que gostaria que a chanceler Angela Merkel pudesse entender que a austeridade enfraquece a economia. Ela aumenta o desemprego, reduz salários e aprofunda as desigualdades. Stiglitz cita que “não há nenhum exemplo de uma grande economia em que a austeridade permitiu a retomada do crescimento”.

Outro economista, o francês Guillaume Duval, da revista Alternativa Econômica, chama atenção sobre a o aumento da precariedade do trabalho na Alemanha especialmente com relação ao emprego dos jovens, e ele diz que as necessidades da indústria alemã são perenes e ela aproveita da crise econômica nos países do sul da Europa para empregar mão-de-obra barata dos jovens migrantes. Os funcionários do Sul demitidos e os jovens sem trabalho são bem-vindos na Alemanha de Ângela Merkel. Como um todo, a zona do euro tem visto o PIB se estagnar no segundo trimestre, depois de ter subido apenas 0,2% no trimestre anterior, de acordo com o Eurostat estatísticas escritório da UE.

Diante do cenário externo da situação global da economia, o desenvolvimento brasileiro não é dos piores. Por esta razão, é difícil entender o comportamento dos analistas econômicos brasileiros, em geral, ligados aos grupos econômicos e aos políticos da direita conservadora. Eles buscam traçar um quadro funesto para a economia do Brasil sem analisar a repercussão que teve a crise do capitalismo financeiro que abalou os países ditos desenvolvidos.

Por que as políticas aplicadas pela União Européia não deram resultados? Por que não comparar os dados em função da realidade enfrentada pelo governo brasileira?
Durante sete anos (2008-2014), esses analistas econômicos, articulistas neoliberais, buscam criar um clima de pânico para prejudicar o ambiente econômico no Brasil. Assim, há um certo tempo, eles decidiram criar uma estratégia de comunicação para alimentar uma campanha internacional visando deteriorar a imagem positiva do Brasil ao mesmo tempo em que tentam provocar no plano interno um pessimismo geral na nação.

A pergunta é: quem sai perdendo, senão o próprio Brasil? Fica claro que eles querem mesmo é deprimir a economia para afastar os investidores e, com isto, embaraçar a política do governo e, no final, derrubá-lo. Agem de modo irresponsável para prejudicar o interesse nacional, tudo isto devido ao ódio que têm pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Não há duvidas que a alta classe média e rica da qual eles pertencem foram as que mais usufruíram do êxito das políticas econômicas dos governos de Lula e Dilma
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Eles sabem, têm consciência que o pessimismo e a desconfiança são os melhores promotores de um clima coletivo de impotência e desânimo. Quando o pessimismo se instala, os efeitos da crise econômica são reforçados e, indiretamente, influenciam nos fatores de crescimento. Esta tem sido a arma que eles vêm utilizando: disseminam o pessimismo para ganhar o poder executivo nas próximas eleições. Vale ressaltar que já detêm o monopólio do quarto poder no Brasil.

O presidente Lula entendeu perfeitamente que a população brasileira estava com uma visão pessimista do futuro, ele soube injetar otimismo e enfrentar a crise econômica. Lula falava muito de autoestima e conseguiu levantar a moral dos pessimistas e ganhar confiança para o enfrentamento da crise mundial. Luis Lula da Silva é um otimista por natureza, assim como a presidenta Dilma, logicamente, com uma diferença: é que a presidenta Dilma é menos expansiva.

De fato, o otimismo é uma qualidade que permite perceber o mundo de uma forma positiva. Este fator psicológico não deve ser negligenciado no contexto empresarial e econômico. O grande economista Keynes, quando defendia o papel do Estado na economia, falava dos mecanismos psicológicos necessários para evitar o medo do futuro e de tomada de riscos. Daí a importância da presença do Estado para garantir um clima de confiança na relação de investimentos público e privado.

Foi assim que os governos do diabólico PT, tão odiado pela elite brasileira e seus aliados, conseguiram evitar que a catástrofe causada pela crise financeira devastasse o Brasil. Desde 2008 o mundo global vive um clima de tensão econômica e social. Os governos Lula e Dilma conseguiram uma boa administração da crise econômica e agiram sem precipitação. Mudaram o funcionamento da diplomacia brasileira e conseguiram forjar uma estratégia internacional de participação e não de submissão às regras multilaterais da governança mundial.

Eles criaram uma correlação de forças favoráveis ao Brasil. Com muita tática e esforços, sanearam grande parte da divida pública e privada deixada por Fernando Henrique. Eles criaram credibilidade internacional, aumentaram as reservas monetárias, possibilitando uma governabilidade capaz de promover a inclusão social.

O pior já passou e, hoje, o Brasil pode reunir condições para garantir uma política interna mais condizente com os anseios de seu povo. A presidenta Dilma é a melhor preparada para dar continuidade a esse processo de construir um Brasil mais justo.
A arma dos brasileiros é de continuar o otimismo, confiar no futuro do Brasil, e não se deixar contagiar pelo vírus do pessimismo. Ao propagar o vírus do pessimismo, os adversários de um Brasil para todos estão visando apenas conquistar o poder em beneficio de uma corrente ideológica responsável pela atual crise mundial.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

As eleições e a mídia

A influência dos meios de comunicação vai além da produção de noticiário. Eles contratam as pesquisas e organizam os debates

por Marcos Coimbra

Na próxima terça 19, com o início da propaganda eleitoral na televisão e no rádio, entraremos na etapa final da mais longa eleição de nossa história. Começou em 2011 e nossa vida política gira em torno dela desde então.
A batalha da sucessão de Dilma Rousseff foi iniciada quando cessou o curto período de lua de mel com as oposições, no primeiro ano de governo. Talvez em razão do vexame protagonizado por José Serra na campanha, o antipetismo andava em baixa.
Durou pouco. Na entrada de 2012, o clima político deteriorou-se. As oposições perceberam que, se não fizessem nada, marchariam para nova derrota na eleição deste ano. Ao analisar as pesquisas de avaliação do governo e notar que Dilma batia recordes de popularidade a cada mês, notaram ser elevadas as possibilidades de o PT chegar aos 16 anos no poder. E particularmente odiosa. Serem derrotadas outra vez por Dilma doía mais do que perder para Lula.
Ela era “apenas” uma gestora petista, sem a aura mitológica do ex-presidente. Sua primeira eleição podia ser creditada, quase integralmente, à força do mito. Mas a segunda, se viesse, seria a vitória de uma candidatura “normal”. Quantas outras poderiam se seguir?
A perspectiva era inaceitável para os adversários do PT. Na sociedade, no sistema político e no empresariado, seus expoentes arregaçaram as mangas para evitá-la. A ponta de lança da reação foi a mídia hegemônica, em especial a Rede Globo.
Recordar é viver. Muitos se esqueceram, outros nem souberam, mas a realidade é que a “grande imprensa” formulou com clareza um projeto de intervenção na vida política nacional.
Não é teoria conspiratória. Quem disse que os “meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste País, já que a oposição está profundamente fragilizada”, foi a Associação Nacional de Jornais, por meio de sua presidenta, uma das principais executivas do Grupo Folha. Enunciada em 2010, a frase nunca foi tão verdadeira quanto de 2012 para cá.
Como resultado da atuação da vanguarda midiática oposicionista, estamos há três anos imersos na eleição de 2014. A derrota de Dilma é buscada de todas as formas. O “mensalão”? Joaquim Barbosa? A “festa cívica” do “povo nas ruas”? O “vexame” da Copa do Mundo? A “compra da refinaria”? O “fim do Plano Real”? A “volta da inflação”? O “apagão” na energia? A “crise na economia”? A “desindustrialização”? O “desemprego”?
Nada disso nunca teve verdadeira importância. Tudo foi e continua a ser parte do esforço para diminuir a chance de reeleição da presidenta.
Ou alguém acha que os analistas e comentaristas dessa mídia acreditam, de fato, na cantilena que apregoam quando se vestem de verde-amarelo e se dizem preocupados com a moral pública, os empregos dos trabalhadores ou a renda dos pobres? Ou que queiram fazer “bom jornalismo”?
Temos agora uma ferramenta para elucidar o papel da mídia na eleição. Por iniciativa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, está no ar o manchetômetro (http://www.manchetometro.com.br), um site que acompanha a cobertura diária da eleição na “grande imprensa”: os jornais Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo, além do Jornal Nacional da Globo (como se percebe, os organizadores do projeto julgaram desnecessário analisar o “jornalismo” do Grupo Abril).
Lá, vê-se que os três principais candidatos a presidente foram objeto, nesses veículos, de 275 reportagens de capa desde o início de 2014. Aécio Neves, de 38, com 19 favoráveis e 19 desfavoráveis. Tamanha neutralidade equidistante cessa com Dilma: ela foi tratada em 210 textos de capa. Do total, 15 são favoráveis e 195 desfavoráveis. Em outras palavras: 93% de abordagens negativas.
É assim que a população brasileira tem sido servida de informações desde quando começou o ano eleitoral. É isso que faz a mídia para exercer o papel autoassumido de ser a “oposição de fato”.
O pior é que a influência dessas empresas ultrapassa o noticiário. Elas contratam as pesquisas eleitorais que desejam e as divulgam quando e como querem. E organizam os debates entre candidatos.
Está mais que na hora de discutir a interferência dessa mídia no processo eleitoral e, por extensão, na democracia brasileira.
Bem-vindo ao manchetômetro. Acompanhe a cobertura das eleições na...
manchetometro.com.br

A tragédia de Campos e ocasião de Marina

A morte trágica de Eduardo Campos deve ser lamentada sob todos os aspectos. Se a perda é irreparável do ponto de vista pessoal, ela o é também do ponto de vista político. Campos era o mais promissor dos líderes de uma jovem geração de políticos e vinha forjando sua liderança no contexto de uma singularidade pessoal que não encontra par e paralelo em nenhum dos outros políticos atuais. A formação de líderes autênticos, capazes e virtuosos não depende dos bancos escolares ou de embalagens bem feitas pelo marketing. Depende de um processo de educação (que pode ser empírico) e de uma atividade prática, ambos definidos como experiência vivida que deixa os vincos fundos da singularidade do forjamento da personalidade política do líder.

De pouco serviria Campos ter se formado em Economia sem essa experiência vivida, que começou cedo, ainda na universidade, quando se tornou presidente do Diretório Acadêmico. Começou aí a aquisição e do domínio prático da arte de comandar, sem a qual não existem líderes políticos autênticos e capazes. Não parou mais: aos 21 anos, em 1986, ajudou a planejar a campanha do avô – Miguel Arraes. No ano seguinte torna-se chefe de Gabinete do governo Arraes. Depois vai disputar eleições, torna-se deputado, secretário de estado, ministro do governo Lula e governador de Pernambuco por duas vezes.

Campos estava dando o seu passo político mais importante: projetar a liderança que havia construído em Pernambuco e no PSB para o plano da política nacional. Foram praticamente 30 anos de atividade intensa para forjar e lapidar sua personalidade política e para galgar a condição de candidato à presidência da República. Teve em Arraes, um ícone da esquerda do século XX, uma espécie de Centauro Quíron – o tutor, educador e formador dos heróis antigos, dentre eles o mítico Aquiles.

Teria Campos as virtudes necessárias para ser um líder do tipo inovador, fundador de uma nova ordem política nacional? Difícil dizer, pois na história republicana tivemos apenas um líder com esta capacidade, que foi Getulio Vargas. Recentemente, Fernando Henrique Cardoso e Lula, com todas as suas diferenças, deram início à solução de dois problemas dramáticos do século XX. FHC encaminhou a solução do problema da inflação, que provocou muitas crises políticas e fracassos econômicos no século passado. Lula começou a enfrentar o pior problema da nossa história: as profundas desigualdades e a exclusão social. Passos importantíssimos foram dados nas duas direções, mas ambos precisam ser completados nos próximos anos. O governo Dilma se insere nesse contexto.

O fato é que Campos vinha assumindo um discurso que anunciava a intenção de aperfeiçoar o trabalho de seus antecessores e fazer algo que eles não conseguiram: reformar a ordem política nacional, cheia de vícios e malefícios. Absorvendo aspectos importantes do ideário de Marina Silva, sintetizado na tese da “nova política”, prometeu limpar a política nacional da presença dos Sarneys, dos Renans Calheiros, dos Collor etc. Entre outras coisas, prometia um país mais estável e previsível no seu ordenamento político e jurídico e uma Reforma Tributária, absolutamente necessária, pois o sistema tributário é uma das maiores fontes de injustiças e iniqüidades no Brasil por penalizar os pobres e beneficiar os ricos.

Quando Campos começou a plantar sua candidatura, pensava mais numa projeção para colher os frutos em 2018. Se as circunstâncias o favorecessem em 2014, talvez fosse prematuro, pois o seu projeto não estava plenamente amadurecido. Como bom aluno do Centauro (e talvez aqui o tutor tenha sido Lula), percebeu que precisava construir uma força política própria – o PSB – agregar organização mesmo sem vitórias, mas com avanços cumulativos, para poder alcançar o cume do triunfo um dia. Sem romper inteiramente no plano político, libertou-se da tutela do PT e de Lula para construir seu próprio exército, pois os líderes que não constroem sua força própria e vencem beneficiados pelas forças dos outros tendem ao fracasso, como bem mostrou Maquiavel. 

Percebeu que a ocasião para iniciar essa tarefa era 2014, pois as circunstâncias ofereciam um espaço para construir uma alternativa que fosse capaz de provocar rachaduras na polarização entre PT e PSDB. A deusa Fortuna sorriu-lhe ao oferecer-lhe, mais fruto do acaso do que de um projeto planejado, a oportunidade de agregar força com Marina Silva. Mas como essa deusa é matreira, e às vezes terrível, como foi o caso, aplicou-lhe um golpe definitivo e voltou a sorrir para Marina Silva.

A Ocasião de Marina Silva
Ao não compreender claramente o que Maquiavel havia ensinado e que Lula compreendeu com maestria ao construir o PT como força própria – que somente os profetas armados podem triunfar e que os desarmados fracassam – Marina foi negligente ao construir seu exército, sua força política. Não conseguindo legalizar a Rede, viu-se na contingência de se aliar a um líder mais poderoso do que ela (Eduardo Campos), o que é desaconselhável para quem pretende reformar ou refundar uma ordem existente. Pelo que havia acumulado em 2010, o seu momento seria 2014, mas a falta de força própria a colocou num plano secundário na grande batalha política das eleições presidenciais.

A deusa quis devolver-lhe essa ocasião, esse momento, ao custo de uma tragédia. Mesmo assim, Marina comandará um exército que não lhe é inteiramente fiel. E isto lhe trará problemas, seja no momento da batalha seja no momento do triunfo, na eventualidade de vencer as eleições. Terá que fazer concessões de saída, dando aval a acordos que Campos fizera e que ela não concordava. Ao se aliar a Campos numa posição subalterna, naquele primeiro momento, já perdeu seguidores. Ao assumir a cabeça da chapa, as concessões serão ainda mais profundas e ter-se-á que ver até que ponto elas não descaracterizarão o projeto original da Rede.

Quanto ao panorama político geral, aumenta significativamente o grau de incerteza acerca das eleições e também acerca do cenário de 2015. Aécio Neves e Dilma estão imediatamente ameaçados por Marina, como mostra a primeira pesquisa Datafolha após a tragédia. Dilma aparece com 36% das intenções de voto, Marina com 21% e Aécio com 20%. Num segundo turno, Marina bateria Dilma com 47% contra 43%, A direita política do país, por sua vez, pretenderá fazer de Marina uma candidata de direita, o que é uma tarefa difícil. Se Marina passar para um segundo turno contra Dilma, como reagirão os mercados e aos agentes econômicos? Marina fará ainda mais concessões para ser aceita pelos mercados, sacrificando no altar dos interesses econômicos o ideal da nova política? Se Marina triungar, a lógica diz que haveria perturbações e instabilidade política. Mas em política não há certezas absolutas e Marina, se eleita, não necessariamente fracassaria.


Aldo Fornazieri – Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política.

domingo, 17 de agosto de 2014

Asteroide se chocará com a Terra? Mesmo? 

Milhares de sites estariam divulgando que um asteroide irá se chocar com a Terra, com a alegação de que os astrônomos não saberiam o que fazer para nos proteger (oh céus)….

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Os cientistas identificaram um asteroide que pode estar vindo para uma colisão com a Terra daqui a 878 anos. Usando radar e medições ópticas feitas ao longo dos últimos 51 anos, pesquisadores descobriram que a probabilidade de um impacto em 2880 é de cerca de 2,48 x 10 -4 , que remete mais ou menos em cerca de 1 em 4000, ou seja, possível, mas bem improvável.

Clique para conferir a rota do asteroide 1959DA
Clique para conferir a rota do asteroide 1959DA

As consequências da colisão de um asteroide medindo mil metros de diâmetro são especulativas. Poderia um golpe direto destruir uma cidade inteira? Será que um impacto no oceano criaria um enorme tsunami capaz de inundar a costa adjacente?

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Aprender sobre os asteroides é fascinante e cientificamente importante, claro, mas há considerações práticas, assim, se um asteroide  um dia fosse encontrado e com ele a alta possibilidade de atingir a Terra, nós iríamos ter que fazer alguma coisa para impedir . Uma ideia seria atingir o asteroide perigoso com uma sonda espacial a força talvez seria suficiente para alterar a órbita do corpo. As características físicas da rocha será um grande fator para isso; se for de metal, rochas, ou uma pilha de escombros, ele irá reagir de forma diferente ao impacto.

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Voltando ao que interessa, diversas fontes estão citando informações mentirosas; essa é a razão pela qual exibo nesse artigo as informações e esclarecimentos reais embasados na própria NASA e fontes confiáveis (nota: Eles usam uma velha probabilidade de 1 em 300 para um impacto, também). Antes de sair compartilhando, pesquise sobre o assunto profundamente (FALO ISSO PARA AS NOSSAS POSTAGENS TAMBÉM) fico feliz quando alguém me corrige ou envia sugestão.
Comente abaixo sobre o assunto

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