quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A vida, entre o passado e o futuro

Além de querer mudar o passado, ou ficarem lamentando-o, por vezes procuramos reproduzi-lo, buscando repetir as coisas boas de antigamente. Essas tentativas tendem a originar frustrações. Lamentavelmente, os bons momentos não voltam nem, felizmente, os maus acontecimentos. Quando o passado porventura retorna, vem como caricatura, sem o mesmo paladar. O maravilhoso sabor do doce que comemos na infância é irreproduzível. E os pequenos perigos que ameaçam uma criança quase nunca geram risco para um adulto, afirma o psiquiatra Luiz Py.
Muitos sofrimentos emocionais pelos quais passamos estão ligados a duas coisas sem o menor sentido. Por um lado, uma busca inútil de prazeres antigos, ou velhas alegrias, impossíveis de serem reproduzidos. Ou então, um medo absurdo e desnecessário de acontecimentos negativos que não se repetirão. Em ambos os casos, estamos lidando – geralmente sem perceber conscientemente – com acontecimentos passados que são sentidos como ameaças ao nosso futuro ou como realizações desejáveis para o porvir. É importante nos darmos conta de que em geral não existe relação alguma entre o que foi vivenciado por nós no passado com o que poderemos usufruir no futuro.