segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Coxinhas ou "white blocs?

O problema político não são os “coxinhas”.

3 de novembro de 2014 | 13:12 Autor: Fernando Brito

bolsonarobangbang

Todo mundo se lembra dos blackblocs e daqueles patetas com máscaras de “anonymous” que, um ano e meio atrás, eram a “sensação”  dos “movimentos” de rua. Desapareceram ou viraram grupinhos de “meia-dúzia”, sem qualquer significado social. Quando perderam a mídia, minguaram para isso.

Não tenham dúvidas de que é esse o destino dos “whiteblocs”  que fizeram as manifestações pró-ditadura, inclusive com o primor de selvageria do deputado Eduardo Bolsonaro subir ao palanque com uma pistola na cintura, dando à Avenida Paulista um toque de Imperatiz do Maranhão quando eu a conheci, nos anos 80. Nem lá, hoje, se vai a palanque de arma na cinta.

Seu perigo se limita a sua  própria loucura, como no caso do cinegrafista da Band, pelo  risco que colocam à integridade física e à vida dos passantes e da imprensa. São gravíssimos quanto a isso, mas pouco relevantes na política.

O problema político que Dilma terá de enfrentar não são os “coxinhas”.
São os “coxões”: da mídia, do Congresso, do Judiciário (e de partes do próprio Executivo) e do poder econômico. Formam uma trupe que tem seus bobos da corte, como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino e outras peças do gênero, embora andem recebendo, até, o auxílio luxuoso de Fernando Henrique, com baboseiras como a de seu artigo de ontem, onde prega a “ofensiva” contra o governo eleito.

Em geral, porém, estão bem homiziados atrás de um discurso institucional, prontos a dizer que as suas vontades são a “verdade única” e o caminho obrigatório do governo que se elegeu apesar deles.
Os pobres (só de espírito, claro) “buchinhas” da Paulista são só uma emanação da sua vontade, como os blocs foram da oposição de direita.

Embora sirvam, neste momento, para manter como pauta da mídia um clima de acirramento e ódios que só existe numa parcela minúscula de inconformados com a democracia.
Como os seus antecessores mascarados.
No seu blog, no UOL, Mário Magalhães traça um bom retrato do que esta turma consegue: nada.
Perigosos são os outros, que os inspiram.

Protestos por impeachment aumentam margem de manobra de Dilma

Há protestos que, em vez de desfavorecer as pessoas e instituições que são seus alvos, prestam-se sem querer a ajudá-las.
Foi assim com determinadas manifestações no Rio que acabaram contribuindo para esvaziar as ruas e impedir a extrema-unção do governador Sérgio Cabral, que acabaria por eleger no voto o seu sucessor.
Os atos públicos ocorridos sábado em algumas cidades engrossam os exemplos de iniciativas que favorecem quem pretendem prejudicar.
Pediram o impeachment de Dilma Rousseff, recém-reeleita com 3.458.891 sufrágios a mais que o contendor. E intervenção militar para afastar a governante constitucional.
Na maior concentração, 2.500 pessoas em São Paulo, um líder cumprimentou os confrades: “Boa tarde, reaças“.
Foi o evento retratado acima. Alguém viu um negro na foto?
Convescotes como esse são tão caricaturais e inofensivos que facilitam a vida de Dilma.
Não está claro se ela vai cumprir o discurso à esquerda da campanha ou se, no segundo governo, embicará pelos caminhos à direita que condenou em palanque.
Com a extrema direita indo à luta, a presidente ficará mais à vontade para agir como quiser, pois o espantalho sombrio dará mais ares de legitimidade às suas decisões.
Entre quem foi consagrada nas urnas e quem reedita a ladainha golpista de meio século atrás, até muitos dos que votaram no senador Aécio Neves preferem empunhar o estandarte da democracia.
Sem os arremedos de Carlos Lacerda protestando, o contraste às próximas ações da petista seriam as propostas esgrimidas por Aécio Neves até o domingo retrasado.
Agora, ela tem como contraste quem rejeita a soberania do voto popular.
Ou seja, qualquer coisa é melhor do que rasgar a decisão do povo.
Cresce a margem de manobra da presidente.

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